DIGRESSÃO NACIONAL 2021
Porto
Guimarães
Braga
Mealhada
Lisboa
Évora
Portimão
Albufeira
A Tuna Académica de Biomédicas, tuna masculina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, formada por estudantes de vários cursos das áreas das Ciências da Vida e da Saúde, iniciou com muito entusiasmo a IX Digressão Musical no dia 16 de julho de 2021, na cidade do Porto.
A IX Digressão musical tomou uma dimensão especial para o nosso grupo, pois surge como uma oportunidade de a tuna exercer a sua atividade numa altura em que ainda enfrentamos, enquanto sociedade, todas as dificuldades de uma pandemia.
Vinte e cinco estudantes deixam o ICBAS em direção à Ribeira, onde passariam os seis dias seguintes a tocar e cantar para as gentes do Porto. A excitação no ar é palpável e a energia da plateia reflete toda a emoção nos corações destes jovens. Durante quase uma semana animámos as ruas portuenses e, sob a luz do luar, encantámos portugueses e estrangeiros com doces serenatas. Atuámos também em vários estabelecimentos da baixa portuense, por vezes como agradecimento pelo calor com que nos recebiam e outras vezes só para entreter quem jantava ou bebia um refresco na esplanada.
Como não podia deixar de ser, aproveitámos o último dia na nossa cidade para armar um grande jantar e celebrar com música a experiência que estávamos a viver.
Partimos cedo para a cidade-berço no dia 22, tendo sido muito bem recebidos pelos vimaranenses. Desde logo o centro histórico de Guimarães se tornou um ponto importante na nossa digressão, quer pela quantidade de turistas curiosos, quer pela beleza dos espaços. Aqui, o calor do verão começa a apertar e, de repente, o traje como que faz comichão. Inevitavelmente, não conseguimos deixar de registar o momento com uma fotografia junto da estátua do primeiro rei de Portugal.
Nasceu a manhã de dia 23 e Braga tornou-se o destino. De instrumentos às costas, montámos o estaminé sob a arcada do antigo castelo de Braga. Os bracarenses vibraram connosco ao som da “Madalena” e fomos presenciados por várias vezes com refrescos e bolos, certamente por pena, para que subsistíssemos debaixo daqueles 35ºC. O dia seguinte é também dedicado a Braga e revela-se mais um repleto de atuações, palmas e alegria, terminando com serenatas pelas esplanadas do centro. Braga deixou a tuna bem motivada para o que ainda aí vinha.
Dia 25 a tuna acorda cedo para fazer as malas e preparar os carros para a viagem pela frente. Em direção a Lisboa, parámos na Mealhada onde atuámos para vários restaurantes. Tivemos então a oportunidade de provar as famosas sandes de leitão ao almoço. De estômago cheio, rumamos em direção à capital, sempre ao som de álbuns tuneris e portugueses.
Infelizmente, sofremos um contratempo na estadia planeada em Lisboa, pelo que tivemos de recorrer a uma alternativa de alojamento de última hora em Almada. Apesar disto, assim que chegámos à margem sul, já de noite, ainda pudemos atuar nos largos cheios de estrangeiros que, incrédulos pela nossa escolha de roupa, nos saudaram com curiosidade.
É a manhã do dia 26 e atravessamos a ponte 25 de abril em direção à Rua Augusta. Abrimos a primeira atuação do dia e a tuna soa como nunca soou antes, tanta que era a experiência até àquele momento. Não era uma visita qualquer a Lisboa, pois trouxemos a “Cidade do Porto” connosco, o original que nos rendeu muitos aplausos. A hora do almoço proporcionou algum tempo de livre circulação pela baixa pombalina para desfrutarmos um pouco da luz da cidade.
Depois de uma tarde de atuações, encontrámos um velho membro da tuna, já médico-especialista naquela cidade, que tirou tempo da agenda para se encontrar com o grupo que o acompanhou durante tantos anos. Relembrámos memórias, discutimos um pouco acerca das dificuldades que a tuna passa atualmente e retirámos alguma sabedoria para utilizar no futuro. O dia acabou com a tuna no Bairro Alto, não só a contribuir para a animação, mas também a descomprimir um pouco.
O dia seguinte passou-se inteiramente em Belém, num tom mais relaxado do que antes, tirando fotografias com o padrão dos Descobrimentos, experimentando os pastéis de Belém (para muitos pela primeira vez) e realizando vários ensaios para aprimorar o repertório.
No dia 27, pela manhã, o grupo deixa a margem sul e irrompe pelas paisagens bucólicas do Alentejo, dirigindo-se a Évora. Ao chegar, a fome da hora de almoço, há muito passada, começa a apertar e dividimo-nos pela cidade dos tons de azul e amarelo (cores familiares), à procura de quem nos servisse. Uns poucos encontraram um pequeno snack-bar nas redondezas do centro histórico, apelativo pelos preços académicos, tendo a mensagem passado muito rapidamente entre todos. Ao longo de algum tempo, o pequeno estabelecimento, inicialmente cheio, ia trocando os clientes habituais pelos estudantes de preto recém-chegados. Não tardou a sermos os únicos no restaurante, pelo que música e boa disposição não faltaram. Para nossa surpresa, até o dono do estabelecimento cantava ao ritmo! Depois de bem almoçados e de umas voltas de reconhecimento pelo centro, instalámo-nos na Praça do Giraldo, onde atuámos, embora a muito custo, devido ao clima exigente alentejano. Foi também nessa praça onde, com muito gosto, nos encontrámos com outra tuna amiga, o Grupo Académico SeisTetos, tendo partilhado com eles um momento comovente de Cante Alentejano. Entre sorrisos e partilhas de experiências, gerou-se então uma atmosfera de confraternização que não podia terminar de outra forma se não num jantar, de onde as duas tunas certamente saíram mais próximas.
Chega dia 29 e seguimos viagem com rumo a Portimão, mais uma vez pelas estradas nacionais do nosso país. Recebe-nos Portimão já de noite, o que não nos impede de atuar para as multidões vindas um pouco de todo o lado que passeavam sorvendo granizados pelas ruas. Na plateia, surpreendem as caras tostadas pelo sol e as peles douradas, de invejar.
Encontrámos abrigo no pavilhão de uma escola em Portimão, cuja diretora generosamente nos cedeu o espaço onde pousarmos a cabeça. À nossa espera, estavam camas de campismo prontas a utilizar, cada uma com um pequeno kit de higiene pessoal e pacotes de bolachinhas em cima. Não podíamos ter pedido melhor receção. Foi também aqui que tivemos o gosto de rever um outro antigo membro da tuna, médico tarefeiro em Portimão, que se juntou à formação.
O antepenúltimo dia da digressão nasce e as caras de toda a gente denunciam já um clima de cansaço generalizado. Já faz tempo desde a saída do Porto. Denotava-se também uma melancolia, talvez pela noção de estar a aproximar-se o fim da aventura. Ainda assim, a vontade de continuar a provocar sorrisos de orelha a orelha e de levar a “Cidade do Porto” pelo território fora prevaleceu e assim foi.
Passaram-se dois dias revezando-nos a atuar entre Albufeira e Portimão, sem darmos por ela. Sempre que possível, despia-se o traje e dava-se um mergulho fresco.
Julho acaba e com ele também a IX Digressão musical. A viagem de regresso ao Porto é longa e, pelo caminho, valeu a pena recordar algum dos momentos mais marcantes. A sensação geral é de satisfação, de trabalho cumprido. Dali saiu um grupo de tunantes mais unido, experiente e motivado para levar a música mais além, aliados à amizade, à loucura e à vontade de vir um dia atuar.
Por fim, falta agradecer a toda as pessoas que de alguma forma contribuíram para a realização da IV Digressão musical. A quem nos acolheu, agradecemos a amabilidade da receção e toda a confiança depositada. Ao Sr. Ricardo Gomes e à D.Susana Gomes que nos receberam com o maior dos carinhos, ao Sr.Padre Sebastião Coelho dos Salesianos de Évora e à Dra. Paula Teixeira do Agrupamento de Escolas Judice Fialho por toda a sua generosidade. Também gostávamos de agradecer ao Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), ao Banco Santander, à Universidade do Porto e ao Programa Santander Universidades por terem tornado tudo possível.