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DIGRESSÃO EUROPEIA 2019

Bordéus

Paris

Luxemburgo

Munique

Ascona

Nice

 A Tuna Académica de Biomédicas teve em julho de 2019 o privilégio de realizar a sua quinta digressão europeia. Esta ocasião consentiu a estudantes universitários de distintos cursos do instituto uma experiência de dezanove dias pelas estradas da Europa, repleta de música, vivências, aprendizagens e memórias.

 

Ao cair da noite do dia onze, um grupo de vinte cinco estudantes ansiosamente partia para o seu primeiro destino estrangeiro, a cidade do vinho, Bordéus. Acolhidos amavelmente pelo grupo Alegria Portuguesa de Gironda, contactamos com a primeira de múltiplas comunidades lusas espalhadas pelo velho continente. O desejo de levar as nossas tradições àqueles que apesar de não residirem em território nacional não se esquecem das suas origens e que a cada memória das suas raízes enchem a alma de “um fogo que arde sem se ver” começava assim a ser cumprido. Durante três dias solarengos, divididos entre a Place de la Bourse, a principal artéria da cidade e o famoso espelho de água, muitos franceses apreciaram o que pensavam ser uma orquestra ou um grupo musical clássico, ficando para conhecer algo tão peculiar como uma tuna, os significados do azul e amarelo dos estandartes, as sonoridades desde o folclore português, não esquecendo o dialeto mirandês, às músicas espanholas e brasileiras.

A digressão não começava ali, aquele era já o quarto dia de atuações iniciados na velha Ribeira e no Cais de Gaia, pois não faria sentido começar de outra forma, sem honrar a cidade do nosso berço universitário, esta que se encontra recheada de visitantes desejosos de, “por entre pontes e vielas”, apreciar a arte natural, arquitetónica e, por surpresa, a dos artistas, que nos últimos anos tornaram o Porto uma metrópole de eleição.

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Seguiu-se o coração da nação francesa: Paris chegava com entusiasmo! A imponente cidade prometia um maior envolvimento com o público e o espaço, a partir do quartel-general na Igreja Notre-Dame de Fátima. A inclinação das escadarias de Montmartre aparentava ser um esforço supérfluo. Contudo, como em qualquer obra de valor, para se poder merecer a recompensa é preciso subir a montanha, sobretudo apreciando o esforço, o suor absorvido na capa negra, a dor física e a psicológica, o sofrimento precedente da bonança. O animado bairro dos artistas, da boémia, do espírito libertário, num ermo povoado por eras e calçada, deu-nos por momentos um sentimento de pertença, um reconhecimento da nossa arte. Ali, tanto locais como turistas acaloravam o ambiente, aproximavam-se ao som do violino e do bandolim, aplaudiam os estandartes e as pandeiretas. A alegria dos seus sorrisos preenchia-nos, fazia tudo valer a pena. O incómodo do negócio da restauração causado pela nossa chegada ditou o fim deste grande sucesso e a procura por um novo espaço.

De costas ou de lado, nunca de frente por ser objetivo complementar a paisagem num efeito sinestésico, atuámos no Trocadero, local de apreciação do maior símbolo do país, de contemplação do pôr-do-sol e do brilhar das luzes da Torre. Possivelmente, o espaço mais surpreendente de todos, ponto de encontro com muitos portugueses, permitindo o intercâmbio cultural com grupos musicais sul-americanos e a oportunidade de tomar parte em pedidos de casamento. Se as construções que atravessaram a História comunicassem teriam certamente muito para contar.

Naquilo que foi um breve instante, a nossa jornada chegava a meio. O desejo de chegar às praias da Côte-de-Azur contrastava com a tristeza do fim próximo. Pensar na inevitabilidade do futuro impedia o aproveitamento do momento presente, algo que não estávamos dispostos a comprometer. Havíamos chegado ao Luxemburgo, cuja escassa dimensão territorial era mais do que compensada pelo abraço familiar da profusa comunidade portuguesa na plateia, não fazendo esquecer o parque de campismo, o nosso lugar de repouso, com os seus pequenos bungalows acolhedores. A apreciação do valor das pequenas coisas como as camas e a abundância da água quente foram recebidas como merecidas recompensas. Parecia que estávamos em casa, mesmo a dois mil quilómetros das nossas verdadeiras habitações, e os risos e o companheirismo eram os sintomas dessa condição.

Na principal cidade bávara, tivemos a oportunidade de provar a gastronomia e a cultura da cidade, devendo um especial agradecimento à Missão Católica Portuguesa em Munique pelo acolhimento. Atuando e convivendo com portugueses nos seus restaurantes, contactávamos mais uma vez com os nossos, onde residem em menor número, mas não com menos amor e, possivelmente, com maior saudade graças à distância cultural que se faz sentir em terras alemãs. Uma curta visita, mas aproveitada em todos os momentos.  

Um pequeno contratempo obrigou a uma paragem de descanso obrigatória em Ascona, Suíça, permitindo um desejado repouso antes do último dia em Nice. Infelizmente, uma despedida breve, pelo extremo calor que se fazia sentir.

O prémio da conclusão da jornada não era algo de material: estávamos exaustos fisicamente, escaldados, suados. Mas algo interior manifestado na viagem tranquila de regresso a casa, uma sensação de paz e dever cumprido adjunta do refletir sobre as memórias passadas, faziam da digressão uma história a contar a amigos, familiares e futuros tunantes.

Por fim, resta o agradecimento a todas as pessoas e grupos que contribuíram para a realização da V Digressão Europeia da Tuna Académica de Biomédicas. A quem nos acolheu, agradecemos a amabilidade da receção e toda a confiança depositada. À casa do vinho do Porto Portologia, em Paris, e ao Bar Portugal e restaurante Bricelta, em Munique, que nos presentearam com a sua generosidade e compatriotismo, o nosso muito obrigado. Por fim, o nosso agradecimento especial ao Vereador Hermano Sanchez da Câmara Municipal de Paris, por nos ter recebido, e ao Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), ao Banco Santander, à Universidade do Porto e ao Programa Santander Universidades por terem tornado tudo possível.

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